sábado, 17 de janeiro de 2015


POETA VASCO DA GAMA RODRIGUES
1909-1991

Vasco da Gama Rodrigues nasceu no Paul do Mar, concelho da Calheta, na Ilha da Madeira, no dia 27 de Janeiro de 1909. Estudou no liceu da Madeira (Jaime Moniz), tendo ido depois para África (Moçambique). Voltou para Portugal, onde ingressou no Secretariado Nacional de informação, tendo sido inspector da Secção de Hoteleira.

Distinguiu-se como poeta com uma obra reflexiva, que faz os leitores penetrar no mistério do mito, do símbolo e da profecia.
Inicia-se a sua obra poética, ao publicar alguns dos seus poemas em jornais diários e revistas literárias. Em 1961, publicou em volume a obra Os Atlantes, onde estava subjacente o mito da AtLântida. Este livro está dividido em três capítulos: Lusitânia, Portugal e Atlântida. O autor no início de cada capítulo, faz as epítomes, nas quais transparecem uma força e calor únicos.
Assim, na primeira parte, a epítome refere o seguinte:

«A Lusitânia é o lugar do fogo sagrado da Terra, o Lar eterno do povo da Luz.
Éden do Mundo, original e criador, tomou-se o alvo da cobiça, ambição e inveja de todos os contrários, ou seja, de quem é natural ou pertence ao paralelo oposto e, portanto, ausente da Luz». O tema do poema é sobre o amor de Luzia, que foi amante de Viríato e o rapto de Luzia por Júpiter.

A segunda parte, por sua vez é dedicada a Portugal: «Portugal a cabeça, cuja fronte patenteia três sentidos, o que respira, o que concede a palavra e o da visão, é o Consciente de Europa. (…) Portanto, os Portugueses – os homens dos portos – vencedores do Mar Tenebroso e descobridores dos quatro caminhos do Mundo, foram os construtores, os instituidores, os fundadores do Império». Este capítulo trata da decadência portuguesa por falta das presenças de Luzia e de Viriato.

Na terceira parte, por último, busca-se a Atlântica: «Reino de Mar,
Abrange: todo o oceano desvendado pelo Argonauta, por aquele que, ardendo em fé, deixou certa vez o porto de Portugal em busca do sagrado vaso do amor do imortal João – o Prestes. Ilha encoberta, diluída sobre todo o espaço da Terra, é a Pátria do Ar – o Terceiro grau do Ar – a Essência Quinta mergulhada em sonhos isentos de manchas, sombras e terras, o centro autêntico da inteligência da redenção universal, o núcleo do coração generoso do Homem sem limite nem lugar. (…) Ora os Lusitanos, os homens dos portos, os descobridores do Mar vivo e da Ilha Encoberta – a Pátria da Essência Quinta – como todos os discípulos da última Pessoa da Trindade, chamam-se Atlantes».
«Ó Portugal! Agora é o tempo de realizar a Atlântida, O Reino da ilusão de Aquário, Paraíso do Mundo».

A obra Os Atlantes trata-se acima de tudo de uma revelação interpretativa e profética da história portuguesa.
Em 1972, onze anos depois da publicação d´Os Atlantes, surge a segunda obra, com o título As Três Taças, que apresenta a história do Ocidente explicando a sua missão na conservação da tradição espiritual e abre perceptivas para o aparecimento da humanidade numa nova idade de Ouro. As pessoas estão associadas às idades e aos profetas, aos espaços e aos povos. Assim, a obra encontra-se dividida em quatro partes, e estas , por sua vez, em três: Na primeira parte, as pessoas estão ligadas aos princípios: o Pai à Alegria, o Filho à Dor e o Espírito Santo à Graça. Na segunda parte, a idade do Pai, na qual se destaca Moisés – o Herói emerge na idade do Filho, com Jesus – o Sábio e, de seguida, na terceira Idade, a do Espírito Santo, o Príncipe da Paz – o Sonho. Mas os profetas e os mestres por três espaços: Jerusalém – o Templo de Amor. A estes três espaços estão ligados três povos: os Hebreus, os Romanos e os Atlantes.

Em As Três Tacas, apresenta-se uma poesia em sextilhas, de sete sílabas, com métrica bem medida, que sugere a poesia da Bandarra, ou seja, em tom profético. A obra tem como introdução um tríptico de antecolóquio elaborado por José Conceição Silva, Agostinho da Silva e Júlio Fragata. O primeiro refere que esta obra é um complemento d´Os Atlantes e que «Vasco da Gama Rodrigues é o primeiro a tentar uma obra completa, no sentido de nos mostrar o verdadeiro sentido oculto e simbólico da grande epopeia portuguesa, que, segundo ele, não terminou ainda, havendo pelo contrário a cumprir a parte maior da missão».
Agostinho da Silva revela o poeta como um místico que dá grande papel a Portugal na assunção da humanidade »ou ao que mais propriamente diríamos gente da língua portuguesa, e por aqui encontra Pessoa, ou ainda mais certo, gente de fé portuguesa, de fé na humanidade dos homens, de fé na igualdade de meios, de fé na fraternidade, de fé na liberdade, de fé na unidade do mundo, de fé, afinal, naquilo que Vieira chamou o Quinto Império, Cristo do Reino de Deus Kropotkine a Anarquia, São Francisco a Paz.

Finalmente, a sua terceira obra, editada postumamente, em 1995, intitulava-se O Cristo das Nações.  Trata-se de uma obra que complemente as outras, apresentado a vivência de Portugal, como um trajecto de Cristo, o Cristo das Nações, em que Nação a Cristo se fundem num objectivo único, o da salvação humana, feita através duma Alma Lusa ou de Luz.

Portugal tinha uma missão a realizar e, como tal, ao nascer de novo, seria baptizado com novo nome a Atlântida, título do capítulo quinto desta obra.
Observa-se na obra de Vasco da Gama Rodrigues, que ele era um estudioso dos astros. Considerava a Astrologia uma ciência que estuda a relação das leis dos astros com a vida, o carácter e o destino do homem.

Admirava, como figuras do passado, os argonautas, que apesar do medo do Mar Tenebroso, descobriram os oceanos e as terras ocultas e dispersas pelo Mundo.
Faleceu a 3 de Maio de 1991, tendo sido considerado um dos autores entre muitos, como Fernando Pessoa ou Luna de Carvalho, que leu, buscou e intuiu o futuro de Portugal.

Câmara de Lisboa homenageou ou poeta Vasco da Gama Rodrigues em 2001, dado um nome de uma Rua na freguesia de Santa Maria dos Olivais.

 de Santa Maria dos Olivais.