sexta-feira, 10 de julho de 2009

Vasco da Gama Rodrigues
Poeta do Paul do Mar com obra reeditada



O apelo foi feito ontem, aquando a cerimónia pública de atribuição do nome do poeta Vasco da Gama Rodrigues à Escola Básica do Paul do Mar. O coordenador das comemorações do centenário do nascimento do poeta “pauleiro” pediu a ajuda da Secretaria Regional de Educação e Cultura para a reedição das obras esgotadas daquele autor. Paulo Garcês dirigia-se a Francisco Fernandes, presente na cerimónia.O governante lembrou que tem havido a preocupação, da parte da SREC, de reeditar obras esgotadas de autores madeirenses, tendo em mente as escolas madeirenses e o reconhecimento aos nomes da literatura madeirense. Exemplo disso foram as obras publicadas no âmbito das comemorações dos 500 Anos do Funchal. Nesse sentido, Francisco Fernandes disse que a reedição das obras poéticas de Vasco da Gama Rodrigues (27/01/1909 – 03/05/1991) é uma possibilidade a analisar. O secretário regional disse estar confiante de que será encontrada uma solução e parcerias para esse fim, para que as obras possam ser repostas nas bibliotecas escolares.Francisco Fernandes enalteceu ainda a iniciativa da Casa do Povo do Paul do Mar e da escola, em escolher um patrono para o estabelecimento de ensino. Disse esperar que esse gesto de reconhecimento às pessoas que marcam a história madeirense possa ser transformado «numa onda» e que cada escola venha a homenagear figuras ilustres.Iva Abbiati, presidente da Casa do Povo, destacou o facto de Vasco da Gama Rodrigues ser um poeta reconhecido internacionalmente, mas pouco falado na sua terra natal. Espera que a iniciativa ontem celebrada venha a dar a conhecer mais quem era aquele poeta do Paul do Mar.

In Jornal da Madeira
Vasco da Gama Rodrigues dá nome a escola no Paúl do Mar

No âmbito das comemorações do centenário do nascimento do poeta Vasco da Gama Rodrigues, é hoje atribuída à Escola Básica do Paul do Mar o nome deste poeta pauleiro.A cerimónia decorre logo pelas 15 horas, com a presença do Secretário Regional da Educação e Cultura, Francisco Fernandes.Recorde-se que no final do mês de Janeiro, a Casa do Povo do Paul do Mar promoveu uma cerimónia de homenagem ao referido poeta, por ocasião da data do seu nascimento. Então ficou o desejo desta referência cultural da freguesia poder ser também homenageada, emprestando o seu nome a uma instituição local. Na altura fora já proposto atribuir o nome do poeta Vasco da Gama Rodrigues à Escola EB1/PE do Paul do Mar, facto que este domingo se concretiza. O poeta nasceu em 1909. Em 1961 publica o seu primeiro livro, 'Os Atlantes' e em 1972 'As Três Taças'. 'O Cristo das Nações' seria publicado em 1995, quatro anos após a sua morte.
In Diário Noticias

terça-feira, 9 de junho de 2009


Vasco da Gama Rodrigues
Poeta do Paul do Mar com obra reeditada


O apelo foi feito ontem, aquando a cerimónia pública de atribuição do nome do poeta Vasco da Gama Rodrigues à Escola Básica do Paul do Mar. O coordenador das comemorações do centenário do nascimento do poeta “pauleiro” pediu a ajuda da Secretaria Regional de Educação e Cultura para a reedição das obras esgotadas daquele autor. Paulo Garcês dirigia-se a Francisco Fernandes, presente na cerimónia.O governante lembrou que tem havido a preocupação, da parte da SREC, de reeditar obras esgotadas de autores madeirenses, tendo em mente as escolas madeirenses e o reconhecimento aos nomes da literatura madeirense. Exemplo disso foram as obras publicadas no âmbito das comemorações dos 500 Anos do Funchal. Nesse sentido, Francisco Fernandes disse que a reedição das obras poéticas de Vasco da Gama Rodrigues (27/01/1909 – 03/05/1991) é uma possibilidade a analisar. O secretário regional disse estar confiante de que será encontrada uma solução e parcerias para esse fim, para que as obras possam ser repostas nas bibliotecas escolares.Francisco Fernandes enalteceu ainda a iniciativa da Casa do Povo do Paul do Mar e da escola, em escolher um patrono para o estabelecimento de ensino. Disse esperar que esse gesto de reconhecimento às pessoas que marcam a história madeirense possa ser transformado «numa onda» e que cada escola venha a homenagear figuras ilustres.Iva Abbiati, presidente da Casa do Povo, destacou o facto de Vasco da Gama Rodrigues ser um poeta reconhecido internacionalmente, mas pouco falado na sua terra natal. Espera que a iniciativa ontem celebrada venha a dar a conhecer mais quem era aquele poeta do Paul do Mar.

Paula Abreu

Poeta do Paul do Mar homenageado

Vasco da Gama Rodrigues dá nome à escola local
Francisco Fernandes incentiva escolas da região a seguirem este exemplo, escolhendo uma figura local para seu patrono
Data: 03-05-2009
A escola EB1/PE do Paul do Mar passa a partir de agora a ostentar o nome de Vasco da Gama Rodrigues, numa homenagem ao poeta nascido há um século naquela freguesia do concelho da Calheta e que faleceu faz hoje 18 anos.O secretário regional de Educação e Cultura, Francisco Fernandes, que presidiu à cerimónia, destacou a obra "deste vulto importante da cultura madeirense". Perante o desafio lançado pelo coordenador das comemorações do centenário do poeta, Paulo Garcês, o governante revelou a disponibilidade para proceder à reedição das obras esgotadas há já algum tempo.
Nélio Gomes

domingo, 3 de maio de 2009


Vasco da Gama Rodrigues dá nome
a escola no Paúl do Mar

Homenagem ao poeta continua esta tarde com a cerimónia na EB1/PE
Data: 03-05-2009
No âmbito das comemorações do centenário do nascimento do poeta Vasco da Gama Rodrigues, é hoje atribuída à Escola Básica do Paul do Mar o nome deste poeta pauleiro.A cerimónia decorre logo pelas 15 horas, com a presença do Secretário Regional da Educação e Cultura, Francisco Fernandes.Recorde-se que no final do mês de Janeiro, a Casa do Povo do Paul do Mar promoveu uma cerimónia de homenagem ao referido poeta, por ocasião da data do seu nascimento. Então ficou o desejo desta referência cultural da freguesia poder ser também homenageada, emprestando o seu nome a uma instituição local. Na altura fora já proposto atribuir o nome do poeta Vasco da Gama Rodrigues à Escola EB1/PE do Paul do Mar, facto que este domingo se concretiza. O poeta nasceu em 1909. Em 1961 publica o seu primeiro livro, 'Os Atlantes' e em 1972 'As Três Taças'. 'O Cristo das Nações' seria publicado em 1995, quatro anos após a sua morte. in diário do noticias

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Projecto das actividades de comemoração
do centenário do
poeta Vasco da Gama Rodrigues
Para marcar o centenário do poeta Vasco da Gama Rodrigues, a comissão coordenadora pretende realizar neste ano 2009 os seguintes eventos:- No dia 3 de Maio (data da sua morte) realizar diversas actividades culturais com as escolas do concelho da Calheta, promovendo a sua obra.- Reunir esforços entre as entidades para atribuição nome “Praça Vasco da Gama Rodrigues” (frente a junta de Freguesia)- Reeditar a obra do Poeta Vasco da Gama Rodrigues, que se encontra esgotada actualmente.- Publicação de um CD, com os poemas de Vasco da Gama Rodrigues musicados pelo Maestro Vítor Costa.- Uma exposição de pintura alusiva aos seus poemas e a sua história.- Atribuição do nome da Escola do Paul do Mar, ao Poeta Vasco da Gama Rodrigues.- E em 27 de Janeiro de 2010 – realizar as comemorações de encerramento do Centenário do Poeta Vasco da Gama Rodrigues, com congresso sobre o seu pensamento.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


Biblioteca Nacional de Portugal


Lista de registos


1. As três taças ; Os Atlantes : poemas / Vasco da Gama Rodrigues
Rodrigues, Vasco da Gama, 1919-1978As três taças ; Os Atlantes : poemas / Vasco da Gama Rodrigues. - [Lisboa] : Roger Delraux, cop. 1980. - 160, [4] p. ; 21 cmL. 28272 V.L. 62500 V.

2. As três taças : poema / Vasco da Gama Rodrigues
Rodrigues, Vasco da Gama, 1919-1978As três taças : poema / Vasco da Gama Rodrigues. - Lisboa : V. G. Rodrigues, 1972 ( Lisboa : -- Tip. Ideal). - 55, [1] p. ; 22 cmL. 21561 V.L. 45054 V.

3. Os Atlantes : poema / Vasco da Gama Rodrigues
Rodrigues, Vasco da Gama, 1919-1978Os Atlantes : poema / Vasco da Gama Rodrigues. - Lisboa : V.G. Rodrigues, 1961 ( Lisboa -- Tip. Ideal). - 53, [2] p. ; 22 cmL. 45002 V.L. 51688 P.L. 62008 V.

4. Doutor Aires Pinto Ribeiro / Vasco da Gama Rodrigues
Rodrigues, Vasco da Gama, 1919-1978Doutor Aires Pinto Ribeiro / Vasco da Gama Rodrigues. - Porto : Sopime, 1960. - 52, [1] p. : il. ; 24 cmH.G. 21731 V.

5. O cristo das Nações / Vasco da Gama Rodrigues
Rodrigues, Vasco da Gama, 1919-1978O cristo das Nações / Vasco da Gama Rodrigues. - 1a ed. - Sintra : Tertúlia, 1995. - 83 p. ; 24 cmL. 53400 V.






do Centenário do Nascimento



do Poeta Vasco da Gama Rodrigues






Paul do Mar .
viveu um dia
inesquecível para a cultura



O poeta Vasco da Gama Rodrigues foi recordado, no dia em que se celebra os 100 anos do seu nascimento.
Nas cerimónias de comemoração do centenário estiveram presentes diversas personalidades, a destacar, a Drª Albertina Henriques, directora dos serviços de dinamização cultural, o vereador da Cultura da Câmara Municipal da Calheta, o Dr. Aleixo, o pároco da Paróquia do Paul do Mar,o Rev.mo Senhor Padre Paulo Silva, o director da Escola do Paul do Mar, o professor Hélder Vinagre, o presidente da Junta de Freguesia do Paul do Mar, o senhor José Silva, a presidente da Casa do Povo do Paul do Mar, Iva Abbiati e o coordenador das comemorações do centenário do poeta Vasco da Gama Rodrigues, o senhor Paulo Gracês.
Também destacamos a presença amiga do Senhor Padre Ângelo, do senhor presidente da Assembleia da Câmara Municipal, o Senhor Manuel Leça,
As comemorações do centenário ocorreram no salão da pastelaria Vila amoré, na Freguesia do Paul do Mar, concelho da Calheta.
Vários foram os momentos celebrativos alusivos ao poeta.
Desde declamação de poemas e a conferencia acerca da vida e obra do poeta. Não faltou o bolo em memória da obra poética de Vasco da Gama Rodrigues,
Para finalizar e marar este momento foi publicado um boletim cultural dedicado exclusivamente ao poeta.
Fica aqui algumas fotos para recordar.



.



Vasco da Gama Rodrigues é hoje relembrado num colóquio no Paul do Mar. A iniciativa assinala o centenário do nascimento do poeta natural daquela freguesia.
As comemorações têm início às 16 horas, na Pastelaria Vila Amoré, com a apresentação da sua vida e obra por Paulo Garcês, coordenador das comemorações.
Segue-se a declamação de poemas pelos alunos da Escola Básica do Paul do Mar. Pelas 16h40, Iva Abbiati, presidente da Casa do Povo do Paul do Mar, destacará as perspectivas e oportunidades culturais desta instituição.
"Para além de ser um poeta que nasceu no Paul do Mar, temos um grande empenho na promoção das actividades literárias e musicais", diz a propósito a presidente da Casa do Povo.
"As pessoas do Paul do Mar têm uma enorme energia e criatividade a este nível e queremos encorajar o desenvolvimento da nossa cultura local. Pretendemos também motivar as crianças para a leitura, nomeadamente de poesia e esta iniciativa pode ser um começo", acrescenta Iva Abbiati.
Vasco da Gama Rodrigues Nasceu a 27 de Janeiro de 1909, na Freguesia do Paul do Mar, e faleceu a 3 de Maio de 1991.
Afirmou-se a partir dos anos 60, com a publicação de 'Os Atlantes' (1961). Em 1972, foi editada a segunda obra intitulada 'As Três Taças' e em 1991 'O Cristo das Nações'. Colaborou em jornais e revistas literárias.
A Casa do Povo do Paul do Mar publicou recentemente um boletim assinalando o centenário do nascimento do poeta. Coordenado por Eugénio Perregil e Paul Garcês refere aspectos da sua vida e obra.Fonte:
Diário de Notícias


Foi há cem anos que nasceu,
o poeta Vasco da Gama Rodrigues
A 27 de Janeiro de 1909 nascia, na pequena povoação do Paul do Mar, aquele que haveria de chamar-se Vasco da Gama Rodrigues.
Criança ainda, parece ter visto traçado o seu futuro. O mar estava ali, beijando a pequena povoação onde abriu os olhos para o mundo.
O mar, esse mar que leva e que volta a trazer, que inspira e encanta mas que, não raras vezes, se apodera para sempre das vidas de quem nele se aventura. Vasco da Gama Rodrigues, baptizado, dir-se-ia premonitoriamente com nome de navegador foi, criança ainda, levado para as terras da longínqua e misteriosa África.
Terá sido esse primeiro contacto com o salgado oceano que lhe introduziu nas veias o sabor a mar? Nem o poeta, certamente, o saberá dizer. Mas, o que é certo é que o mar, esse mar que, séculos antes foi lavrado pelas proas altivas das naus lusas,semeando sonhos em terras novas e desconhecidas, passou a fazer parte da sua alma. Primeiro da alma da criança que foi, depois do homem que se fez escritor. «E partiu.../O que estava/oculto/sepulto/no corpo/do Mundo/inteiro/se abriu.../Abriu-se/todo/ o Ignoto/remoto/excepção/do Graal e Prestes João./Voltou.../e ainda/antes do retorno/consentiu/Deus/outro Sucesso:/quis/ter/Um seu/Mensageiro/obreiro/quis/que Portugal/implantasse/a Vida, a Paz, o Amor/em todo/o Universo».

Uma poesia feita de sal e mar

A poesia de Vasco da Gama Rodrigues assume, sem sombra de dúvida, as características épicas de outros vates que cantaram a odisseia marítima de Portugal, qual “Mensagem” de Fernando Pessoa. Ela penetra a noite milenar dos tempos perdidos nos primórdios da nossa nacionalidade evocando a figura do nosso rei primeiro «Príncipe sou, Rei serei de nação/Meu sangue a tanto impele é meu escudo/Mas poder sê-lo falta quase tudo/Falta vencer a Sombra e o seu Dragão». Desce às profundezas marinhas para redescobrir o mito da Atlântida, o continente perdido algures no fundo do mar de onde lhe veio o nome, primorosamente pintado em “Os Atlantes”.
Vasco da Gama Rodrigues, qual argonauta da escrita, parte, em o “Cristo das Nações” com Prestes João em busca do novo mundo «Além do Mar, naquele Mar sem fim/Envolto de presságio e maldição/Quando buscava o reino de João/Eu vi o Mundo ao pé de mim/ Em toda a parte, lá por todo o lado/Onde se aloja a treva, a escuridão/À terra dei o Cristo da paixão/E fiquei dela todo apaixonado».

Um Portugal para além do “hoje”

Três são os livro que a pena de Vasco da Gama Rodrigues nos legou. ”Os Atlantes” a sua primeira obra escrita em 1961, quando o poeta contava já com 52 anos. A obra conta-nos, em verso e ritmo, a história do mito da submersa Atlântida, o continente perdido e cantado por mil poetas.
As “Três Taças” leva-nos por caminhos da História do Ocidente esse ponto cardeal de onde partiram homens em busca de muito orientes e diferentes povos.
“O Cristo das Nações”, editado já depois da morte do autor, transporta consigo, como refere o seu prefaciador “a ideia de um Cristo para todas as Nações, em que Nação e Cristo se fundem num propósito único – o da 'salvação humana' – através duma Alma Lusa ou de Luz”. Vasco da Gama Rodrigues, na sua obra poética, tal como Pessoa, foi capaz de ver Portugal para além do hoje. Esse Portugal que Pessoa descobriu na profecia do Monge Rolando: “(...) alegra-te ó Lusitânia, e tem por certa a esperança daquela vinda de que se duvidava. Apossar-te-ás do Império em toda a Orbe e os muros de Jerusalém cairão debaixo dos teus ceptros”. Cem anos decorreram sobre o nascimento do poeta. E Portugal cresceu. Mudou.
Fez-se mais terra, mas continua, como desde a hora primeira do seu nascimento, de olhos postos no mar e que do mar nunca fez barreira, mas destino. Esse mar que continua a ser vida e morte, mar de ir e voltar pelo qual se pauta grande parte da vida desta Nação, princípio e fim da Europa.
BIBLIOGRAFIA DO AUTOR

Vasco da Gama Rodrigues (1909-1991), era natural do Paul do Mar, Calheta, Madeira. Esteve radicado em Moçambique, mas acabou por regressar a Portugal, onde ingressou na Função Pública. Aos vinte e cinco anos era Inspector de Turismo. Colaborou literariamente em órgãos de imprensa, vindo, já com mais de meio século de existência, em 1961, a publicar o seu primeiro livro, "Os Atlantes" e, em 1972, "As Três Taças". O volume "O Cristo das Nações" (sua terceira obra, por si organizada), foi editado, postumamente, em 1995. A Câmara Municipal de Lisboa deliberou integrar o seu nome na toponímia da cidade, estando também patente na sua freguesia natal, na Madeira, a homenagem que lhe foi prestada, com a inauguração de uma placa na casa onde nasceu e passou os seus primeiros anos de vida, antes de partir para África. Está representado no volume "Paul do Mar... Do nascer ao Pôr do Sol", de Paulo Garcês e Zita Cardoso, Colecção História Local, Edição Arguim-Madeira, 2003.Fonte: Jornal da Madeira /Octaviano Correia

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

2°Poema

D. SEBASTIÃO -
O "CAPITÃO DE CRISTO"

Por entre sombras outonais tombado
Lá vai a nossa Pátria receosa,
Sem leme, pela via sinuosa,
Contra escolhos e p'rigos navegando.

Lá vai perplexa, inquieta e ansiosa,
E aflita pelo seu Príncipe chorando.
Porém o Povo aos Céus Amor rogando
D'Além recebe a graça generosa.

Fosse ou não por fervor da prece humana
O Rei nasceu aqui naquela hora.
Mas o Empíreo, a voz do Céu proclama,
Que o fim 'inda não foi, começa agora.

Imerso em faustos sonhos de aventura
E pondo aos pés de Deus a Vida, a Sorte,
O "Capitão de Cristo" foi sem Norte,
Não quis o Céu sagrar sua loucura!
In "O Cristo das Nações"

BOLETIM CULTURAL

DEDICADO EXCLUSIVAMENTE

AO MAIOR POETA DO PAUL DO MAR


Vasco da Gama Rodrigues nasceu a 27 de Janeiro de 1909 na freguesia do Paul do Mar, concelho da Calheta. Viveu em Moçambique e regressou a Portugal onde ingressou na Função Pública. Aos vinte e cinco anos começou a trabalhar na Inspecção de Turismo e a colaborar literariamente em vários órgãos de imprensa. Embora seja hoje em dia uma figura pouco conhecida, sobretudo entre as gerações mais jovens, o trabalho literário de Vasco da Gama Rodrigues foi de tal ordem importante que a Câmara Municipal de Lisboa deliberou integrar o seu nome na toponímia da cidade. Falecido a 3 de Maio de 1991, o poeta escreveu três livros, nomeadamente, "Os Atlantes" (1961); "As Três Taças"(1972) e "O Cristo das Nações” (editado, postumamente, em 1995). Assim sendo, e como forma de homenagear o poeta e assinalar a efeméride, foi elaborado um boletim cultural da autoria de Eugénio Perregil e de Paulo Garcês que será distribuído no dia da cerimónia, marcada para as 16 horas de terça-feira no restaurante Vila Amoré, situado no centro da freguesia do Paul do Mar.
Neste boletim, cuja edição de mil exemplares contou com o apoio da Casa do Povo do Paul do Mar, constam notas biográficas do poeta, como também uma entrevista feita à presidente da Casa do Povo, Iva Abbiati. Os coordenadores do projecto quiseram ainda incluir excertos de poemas e recordar os laços de amizade que uniram Vasco da Gama Rodrigues a Fernando Pessoa.
Na Região, o nome deste poeta está representado no volume "Paul do Mar... Do nascer ao Pôr do Sol", de Paulo Garcês e Zita Cardoso, Colecção História Local, Edição Arguim-Madeira, 2003.

In Jornal da Madeira


VASCO DA GAMA


(O DO ORIENTE)


No Promontório Sacro do Ocidente
Onde o mar bate irado nos rochedos,
E onde há vozes que inspiram tantos medos,
Daqui se quer chegar ao oriente.

Mas quem há-de ir na ponte preso ao leme
Na Nau que já está pronta para o mar.
Não se sabe quem saiba navegar,
Que braço forte bem seguro o leve.

Levar ao Mundo a Cruz da Salvação
Essa hora de Cristo vem chegando.
Mas'inda se não vê quem se arriscando,
Seja o primeiro a achar Prestes João.

Porém, o Rei dos Nautas Venturoso,
Que para saber dele não descansa
Diz: Gama dobra o Cabo Tormentoso,
E atenta a quem te fala de esperança!






In "O Cristo das Nações"

1°Poema

D. AFONSO HENRIQUES

- O CONQUISTADOR

Príncipe sou. Rei serei de nação
Meu sangue a tanto impele é meu escudo
Mas poder sê-lo falta quase tudo
Falta vencer a Sombra e o seu Dragão.

Treva soberba sobre mim sentada
Não me deixa entregar a quem me dou
Eu dou-me à Lusitânia, por si vou
Pelo seu Corpo erguer a minha espada.

O que me enleva mais assenta nisto:
aqui voltar a ter doce pousada
Erguer Luzia à tanto sepultada
E prender nossa vida é luz de Cristo.

Tirar o seu Rosto à Sombra tenebrosa
Despertá-la do seu encantamento
Depois entrar na senda aventurosa
Amar o mundo: todo o meu intento.


in "O Cristo das Nações"

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

  • Vasco da Gama Rodrigues relembrado
O centenário do nascimento do poeta madeirense Vasco da Gama Rodrigues será assinalado na próxima terça-feira, dia 27, pela Casa do Povo do Paul do Mar, no concelho da Calheta.
A abertura das comemorações está marcada para as 16 horas, na Pastelaria Vila Amoré. No decorrer do evento serão apresentadas a vida e a obra do poeta por Paulo Garcês, coordenador das comemorações.
Pelas 16h30, os alunos da Escola Básica do Paul do Mar declamarão alguns poemas, seguindo-se a apresentação das perspectivas e oportunidades culturais da Casa do Povo do Paul do Mar pela presidente, Iva Abbiati. Estão ainda programadas outras iniciativas às 17h30, nomeadamente a leitura de poemas de Vasco da Gama Rodrigues e a visita à exposição 'Retratos com Memórias'. Vasco da Gama Rodrigues nasceu a 27 de Janeiro de 1909, no Paul do Mar, e faleceu a 3 de Maio de 1991. Era filho de Maria Amélia d'Andrade e de Francisco Hilário. Ao nível da produção literária afirmou-se a partir dos anos 60 com a publicação de 'Os Atlantes' (1961)'. A segunda obra foi editada em 1972 e intitula-se 'As Três Taças'. Escreveu em jornais e revistas literárias e, em 1995, surge 'O Cristo das Nações', uma obra póstuma.Fonte:
Diário de Notícias

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PROGRAMA
da comemoração do CENTENÁRIO
1909 - 2009




A Casa do Povo do Paul do Mar

promove

a CULTURA DA NOSSA TERRA.

A Junta de Freguesia desenvolve a CULTURA.

A Câmara Municipal apoia a CULTURA.

A Pastelaria Vila Amore alimenta a CULTURA.

A Banda Muncipal Paulense anima a CULTURA.

A Escola do Paul do Mar educa para a CULTURA.





O maior poeta Calhetense
com ligação
a Fernando Pessoa




No próximo dia 27 de Janeiro comemora-se o centenário do nascimento do poeta madeirense Vasco da Gama Rodrigues. Natural do Paul do Mar, é uma figura interessante da cultura portuguesa com ligação a Fernando Pessoa.
Em termos de produção literária afirmou-se a partir dos anos 60, com a publicação de ‘Os Atlantes’ (1961). A sua segunda obra foi editada em 1972 e intitula-se ‘As Três Taças’. Escreveu em jornais e revistas literárias e, em 1991, surge ‘O Cristo das Nações’, uma obra póstuma.
Apesar de reduzida em termos de dimensão, a obra de Vasco da Gama Rodrigues “é significativa por estar associada a grandes nomes da cultura portuguesa, como Fernando Pessoa, Agostinho da Silva e Júlio Fragata, e por comungar de uma grande corrente que é a obra profético-messianista da cultura portuguesa”, diz a propósito o historiador José Eduardo Franco.
A estudar neste momento o poeta, diz que “é interessante destacá-lo, não só por ter convivido com Fernando Pessoa, mas pelo facto de a sua obra, sobretudo ‘Os Atlantes’, fazer eco do projecto e dos ideais que estão na base da ‘Mensagem’ de Fernando Pessoa”.
Relembra que esta obra, “uma espécie de ‘Lusíadas’ modernos, pretende numa perspectiva nacionalizante destacar as grandes figuras da cultura portuguesa e despertar Portugal do seu nevoeiro, da sua hora sombria, da letargia, numa perspectiva messiânico-profético sebastianista”. (exerto do in dn)

Vida e Obra de Vasco da Gama Rodrigues



Vasco da Gama Rodrigues nasceu a 27 de Janeiro de 1909, pelas 10h00, no sítio da Igreja, da freguesia do Paul do Mar, do concelho da Calheta da Ilha da Madeira. É filho de Franscisco Hilário Rodrigues e de Amélia de Andrade de Jesus Gama, e neto paterno de Hilário Francisco Rodrigues e de Rosalina Correia de Jesus e neto materno de Agostinho Correia de Andrade e de Virginia Amélia de Sousa .
Foi baptizado na Igreja Paroquial de Santo Amaro do Paul do Mar, pertencente ao arciprestado da Calheta, diocese do Funchal, a 8 de Março de 1909, pelo vigário Pe. Manuel da Agrela Farinha.
Realizou os seus estudos no Liceu do Funchal, depois emigrou
para Moçambique, mas acabou por regressar a Portugal, onde ingressou na Função Pública. Aos vinte e cinco anos era Inspector de Turismo. Colaborou literariamente em órgãos de imprensa, vindo, já com mais de meio século de existência, em 1961, a publicar o seu primeiro livro, "Os Atlantes" e, em 1972, "As Três Taças". O volume "O Cristo das Nações" (sua terceira obra, por si organizada) foi editado, postumamente, em 1995. A Câmara Municipal de Lisboa deliberou integrar o seu nome na toponímia da cidade, estando também patente na sua freguesia natal, na Madeira, a homenagem que lhe foi prestada, com a inauguração de uma placa na casa onde nasceu e passou os seus primeiros anos de vida, antes de partir para África.
Faleceu a 3 de Maio de 1991, em Lisboa, com 82 anos. (E.P)



OS ATLANTES


Quem medita frente ao mar,
Que por ele se enamora,
Só de ouvir os seus segredos?
E toma o jeito de andar
Sem descanso, a toda a hora,
Entre os abismos e medos?

Quem é que, num desafio,
Quer romper o nevoeiro
Das lendas e seu mistério?
De quem a nau, o navio,
Donde vem o marinheiro
Que quer para si o Império?

Quem nunca tem um cansaço
Roça a tormenta e procura
Quanto está feito por Deus?
E onde aporta, a cada passo,
Funde a Cruz na terra escura
Rasgando todos os véus?

De vela nova subida
Venceu todo o elemento
E as correntes de Ar e Mar.
A terra foi toda unida.
O maltês d’oiro sedento
Falta agora conquistar.

Lá no Céu ficou assente
Que o homem do mar salgado
Já seja Amor desde o berço.
Mas ao tempo do Ocidente,
Onde a lei é só pecado,
Levou Morte ao Universo.

Violou o Amor? Quem ignora
Que dar luz ao mundo inteiro
Foi acto de Criação?
Quem vem saber sem demora,
Que toda a Cruz foi braseiro
Para a nossa Redenção?

(in «As Três Taças», Lisboa,
1972)
A VOZ DO TEMPO
Num leito sensual de águas vivas
Um corpo virginal
vestido de azul sidério
Detem-se adormecido
Num poderoso manto de mistério!
Porém, leito e corpo
Arrancam às bocas lendas tenebrosas,
Suscitam rosários de presságios e medos!
As suas formas,
Que se espreguiçam voluptuosas
Entre lodos, areias e rochedos,
Num caos de estranho esquecimento,
E os caminhos,
Que o tempo tem ciosamente fechados,
Arrancam às bocas lendas tenebrosas,
Suscitam rosários de presságios e medos!
É ela uma formosa Princesa,
Entre laços de bruma, cativa,
Que esconde um tesoiro vasto e profundo,
Um vaso de néctar rutilante
Em lugar secreto e distante do Mundo!
Porém, seu corpo, leito e vaso ocultos
Arrancam ás bocas lendas tenebrosas,
Suscitam rosários de presságios e medos!
(in "Os Atlantes", Lisboa, 1961)

iLHA DOS AMORES

No vivo Mar Salgado concebida,
Entre remotas ondas balouçando,
E num manto de lendas rrepousando
Persiste oculta a Ilha Adormecida.
Ali onde sonhavam já perdida,
Ansioso de saudade alguém pairando,
Seu belo corpo inerte assinalando
O vê desnudo sem o Ar da Vida.
Sitiado pelo Reino do Ocidente,
- Lugar de Morte deste mundo certo -
Desfeito o Inferno irrompe o Oriente.
E neste espaço após o fim das dores
- Manhã nova doirando o Mar aberto
- Reluz sagrada a Ilha dos Amores.

(in «O Cristo das Nações», Sintra, 1995)